domingo, 9 de outubro de 2011

Carta ao Senador Cristovam Buarque


Guaxupé/MG, 30 de Setembro de 2011.

Boa tarde Exmo. Senador Cristovam Buarque!

Obrigado por tudo que V.Exa. tem feito pela educação neste nosso país sem educação!

Sem educação dos governos, dos ministérios públicos, dos tribunais de justiça, e da força policial que não protege os educadores, ao contrário, comete a maior das violências - maior que gás de pimenta, bala de borracha e cassetetes - a humilhação em nível nacional.

Gostaria de lhe pedir encarecidamente, de forma angustiada e sofrida, para que o senhor intervenha por nós Professores de Minas Gerais!

Na forma de discurso no senado, de ofícios, ou qualquer ato seu, mas que venha em nosso auxílio, diante da barbárie que estamos sofrendo com este governo de Minas.

Não quero nem me ater aqui à implantação do nosso Piso Nacional na Carreira, porque vejo, aliás, não vejo mais possibilidades de recorrer a ninguém, nenhuma instituição deste país, porque nenhuma delas nos ouve, nos socorre, nos reconhece. Aqui em Minas Gerais não existe, para nós, nenhuma destas instituições. Para estes, da forma que somos tratados, somos menos que bandidos! Sim porque os bandidos são protegidos, intocáveis e desfrutam de uma verba mensal que faz vergonha nos nossos contra-cheques! E as instituições, os Direitos Humanos, os consideram muito mais que a nós, Educadores que somos! Até acredito que o senhor também esteja sofrendo com esta situação aqui em Minas! Mas por ora, meu pedido é outro!

Me refiro ao fato de nós Professores termos - aceitado um acordo de boa fé com o governo suspendendo a nossa histórica greve - termos voltado às aulas, mas termos que conviver diuturnamente, todos os dias, com aquelas pessoas que se intitulam de "professores", (os tampões) que ocuparam nossos lugares nas salas de aulas durante a greve, e que agora ficam pela escola, passeando, fofocando, sorrindo na nossa cara, comendo a merenda dos alunos - aquela que o nosso digníssimo desembargador de Minas afirma ser o único alimento das crianças dos rincões mineiros - desfilando pela escola, usando a mesma sala dos Professores, e mais ainda, recebendo salário!

Ora, pode-se contratar pessoas desqualificadas para substituir Professores em greve? Não é contra a lei de greve? Se não há dinheiro para pagar o Piso aos verdadeiros Professores, por que haveria para gastar com professores fura-greve sem qualificação para ministrar conteúdos aos nossos alunos com o discurso de prepará-los para o ENEM?

É desumano, é imoral, é muito humilhante para nós Professores, sermos submetidos a este tipo de humilhação, pelo governo! E ainda mais, em meio a tudo isso, este mesmo governador vais às TV's, em todos os canais, e diz estar preocupados com os alunos e pais de alunos, jogando-os contra nós Professores, desfazendo de nossa luta pelo Piso Salarial Nacional na Carreira, que é uma lei federal, que é nosso de direito, mas que todas as instituições mineiras que deveriam zelar pela aplicação dessas Leis, se curvam para servir apenas ao governo. E nós trabalhadores desvalorizados, somos deixados à beira do caminho da justiça e do respeito a dignidade humana!

Como viver assim, eu lhe pergunto? Como? Até quando? Quem vai olhar por nós? Nós estamos sendo mortificados aos poucos, em doses homeopáticas de crueldades e desmoralização por este governante, que, se diz "professor de direito" e que se elegeu com esta bandeira, traindo à todos, todos aqueles que votaram neste senhor
cruel e desprezível!

Até quando? Que mais será preciso acontecer para vermos a justiça dar frutos bons?

Tomando a frase de um grande pensador dos nossos tempos de hoje, o digníssimo e inteligentíssimo Professor Euler Conrado, lutador incansável pelo reconhecimento e implantação do nosso Piso Salarial em Minas, ele diz "parece que em Minas Gerais os magistrados, promotores, juízes e desembargadores, fazem o mesmo curso e estudam pela mesma cartilha...".

A sensação que temos é que estamos dentro de um ovo, em um outro país, que não o Brasil, que não nossa Minas Gerais!

Não são 112 dias de greve e de sofrimento, é muito mais que isso!

Estas pessoas que deveriam zelar pelo cumprimento das leis, não estudaram? Não tiveram Professores, um dia, para lhes proporcionar tudo o que eles têm hoje?

Greve de Fome, balas de borracha, tropa de choque, polícia, gás de pimenta, cassetetes, repressão, sangue, violência, ... isto tudo não deveria, mas ficará para sempre marcado nos livros de história da educação, no futuro, e os historiadores terão que passar estes "conteúdos" aos alunos! E os nomes daqueles que impediram que essa classe sobrevivesse, e os daqueles que impediram que essa classe extinguisse, estarão lá, escritos também, para que todas as gerações futuras rendam as devidas glórias!

Oxalá Deus permita que eles não precisem viver tudo novamente!


Vera Maria da Silva Ribeiro- Guaxupé/MG

Professora - Mestre em Educação
Professora de coração, Mineira,

Brasileira e Educadora

Observação: Recebi esta carta por e-mail.

7 comentários:

Anônimo disse...

Senador Cristovam, pedimos que ouça o clamor desta professora de Guaxupé que não é apenas dela mas que se estende a todos aqueles que neste momento,sentem a mesma dor, o mesmo desrespeito,o desprezo e a insensibilidade do governador em relação ao desespero dos professores.Não vamos desistir desta luta.OPSPN veio para ficar.

Anônimo disse...

BIA,
UM COLEGA QUE ESTEVE ONTEM NO COMANDO DE GREVE DISSE QUE CONVERSOU COM A DIRETORA MARILDA E ELA FALOU QUE ESTÁ MUITO PREOCUPADA COM A NÃO REPOSIÇÃO, UMA VEZ QUE O GOVERNO NÃO ESTÁ BRINCANDO E QUE VAI FERRAR COM A VIDA DOS GREVISTAS.
SE É ASSIM, POR QUE A DIRETORIA ORIENTOU A NÃO REPOSIÇÃO?

Beatriz Cerqueira disse...

Prezado colega, as discussões do Comando de Greve foram postadas.
Não acredito que a Marilda tenha dito isso. Não dá para trabalhar com informações desta forma. Leia a postagem sobre a reunão do Comando Estadual de Greve.
Atenciosamente,
Beatriz

Anônimo disse...

Eu tb sou professora aqui em Minas Gerais e faço minhas as palavras desta carta confirmando o abandono que já estamos vivendo há 15 anos pelos políticos mineiros.

Anônimo disse...

Parabéns e obrigada Beatriz Cerqueira, por estar conosco reconhecendo nossos valores e nossa importância para a sociedade, divulgando o que está acontecendo com a educação em Minas Gerais.

Anônimo disse...

E o Bõnus/2011? O sindicato está negociando também? E qual a posição do governo?

bruna ribeiro disse...

Beatriz;
concordo realmente nos professore sfazerem greve mas deveem comprir tambem com a sua carga horaria para que assim ninguem possa sai no prejuizo mas isso e o de menos na verdade a luta continua