segunda-feira, 24 de junho de 2013

Manifestações populares em Minas Gerais


Em 7 dias de protestos pelas ruas de Belo Horizonte, o movimento acumulou um saldo positivo: pronunciamentos do Governador Antônio Anastasia e do Prefeito Márcio Lacerda anunciando reduções de tarifas (já avaliadas como insuficientes pelo Movimento), fez com que o Ministério Público Estadual estabelecesse um espaço de discussão onde a política de repressão do estado é abertamente denunciada (Comissão de Prevenção a violência nas manifestaçoes populares), pautou os problemas da cidade e do estado. Tudo isso aconteceu sem investir um centavo sequer em publicidade paga e sim pela manifestação popular.
Ainda, estabeleceu um espaço de discussão e deliberação coletivas dos rumos do movimento através da Assembleia Popular, pautou o questionamento da Copa x políticas públicas no país e no estado. Também influenciou a realização de vários protestos no interior do estado.
Há muitos outros desafios e demandas que precisam de respostas. Mas até aqui, tudo o que aconteceu demonstra que é mobilização de rua e manifestações de denúncia os melhores instrumentos de pressão. Resgata a participação direta dos cidadãos e nega o discurso de que não adianta nenhuma atuação coletiva. Nos dá uma clara lição de que é possível modificar a realidade.


Algumas indicações de avaliações sobre o que estamos vivendo:  

Comitê Popular dos Atingidos pela Copa: http://atingidoscopa2014.wordpress.com/






domingo, 2 de junho de 2013

Um ano de CUT Minas

Aos meus companheiros e companheiras de luta,
 
no dia 3 de junho de 2012 fui eleita Presidenta da CUT Minas. Sou a primeira mulher e professora a presidir a Central no estado. Ao celebrar um ano desta eleição, renovo meu compromisso pela luta coletiva para a transformação da nossa sociedade. Mas também renovo o compromisso de ser instrumento de  denúncia de todas as injustiças que sofremos. Estes três videos, traduzem este compromisso. Partilho com vocês!
 
Sólo le pido a Dios, Mercedes Sosa
 
 
 



Fábrica, Legião Urbana



Coragem, Cidade Administrativa, julho de 2011

A OUTRA FACE DA HISTÓRIA: INDÍGENAS RELATAM O TERRORISMO QUE ESTÃO VIVENDO NO CONFLITO DA FAZENDA BURITI EM SIDROLÂNDIA – MS

Para que tenhamos acesso a outra versão dos fatos recentemente divulgados sobre o conflito com indígenas em Mato Grosso do Sul, publico a notícia que recebi neste domingo de companheiros militantes deste estado.
 
 
"SÃO MAIS DE 13 ANOS DE LUTA, COM ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS, QUE CONFIRMAM QUE DE FATO AS TERRAS SÃO DOS TERENAS.

POR KARINA VILAS BÔAS

Nos últimos dias o Brasil parou e voltou os seus olhos para Mato Grosso do Sul, por causa do conflito entre indígenas e forças policiais na fazenda Buriti, no município de Sidrolândia, muito se noticiou a respeito, mas poucos veículos de imprensa realmente retrataram a dor e o terrorismo que os terenas estão vivenciando neste conflito, por isso os movimentos sociais se uniram, tiveram a ideia de lançar a “outra face da história” e após conseguirmos colher vários materiais, estamos retratando um pouco dessa grande história de luta pela terra em um Estado latifundiário, onde a concentração de riqueza nas mãos de poucos, faz com que a desigualdade seja cada vez maior.

A fazenda Buriti está em área reivindicada pelos índios em um processo que se arrasta há 13 anos. A terra indígena Buriti foi reconhecida em 2010 pelo Ministério da Justiça como de posse permanente dos índios da etnia terena. A área de 17,2 mil hectares foi delimitada, e a portaria foi publicada no Diário Oficial da União. Mas até hoje a Presidência da República não fez a homologação. O relatório de identificação da área foi aprovado em 2001 pela presidência da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas decisões judiciais suspendem o curso do procedimento demarcatório.

Nesta sexta-feira (31), um dia após o confronto com a Polícia Federal e Militar, o clima na área das 9 aldeias em Sidrolândia era de muita tenção, aviões sobrevoando a área o tempo todo, avisos de que as forças policiais podem retornar. Essa é a realidade que cerca de 3.800 indígenas terenas estão vivendo. Um dia após o conflito os indígenas resolveram voltar para as terras da fazenda Buriti e continuar a luta pelos seus direitos, principalmente por causa do assassinato brutal do jovem, Oziel Gabriel, de 35 anos, que levou um tiro no estômago e das 28 pessoas que ficaram feridas. Detalhe importante o indígena guerreiro, como é chamado pela comunidade, Gabriel, foi morto fora da terra invadida, onde estava acontecendo o confronto propriamente dito, foi assassinado em terra homologada, o que mostra claramente que a tentativa de reintegração foi desastrosa.

As entrevistas dessa reportagem foram concedidas na aldeia 10 de maio, que fica ao lado da fazenda Buriti, onde se encontra as mulheres e crianças dos guerreiros que permanecem na área de conflito e também é o local das reuniões das lideranças indígenas com a comunidade.
Os relatos deixam claro que a “tentativa” de retomada de posse da fazenda Buriti foi um desastre, todos os indígenas contam a mesma história, sem mudar uma vírgula. “A policia chegou e foi uma
verdadeira guerra. Eles chegaram atirando, descendo bala, com muito gás lacrimogêneo e violência. Não teve diálogo, eles nem conversaram”, afirma um dos caciques que está com medo de se identificar, pois foi uma das lideranças presas no dia do confronto.

Segundo o cacique, Genilson Samuel, a luta continua, pois após 13 anos eles não tinham outra saída. “Essa luta nós decidimos que não vai parar, o sangue que correu aqui nessas terras, a vida que eles levaram do nosso irmão está doendo, não vai sarar, ficou para sempre no nosso coração, não há justiça que tire essa dor, tá sangrando por dentro. A justiça não vê o nosso lado, pensa que somos animais, nós temos direito a terra, tá comprovada que é nossa e vamos continuar
lutando por ela”, afirma.

Para o indígena, Alberto Terena, a situação é de muita revolta. “Nós estamos em busca do direito do povo, eu luto e dou minha vida por este direito, nós estamos sendo massacrados, temos a carta declaratória que comprova que a terra é realmente nossa, nessa questão parece que o estado brasileiro não que nos enxergar. Nós estamos pedindo um pedacinho da grandeza desse nosso país, tem espaço
para todos neste Brasil, inclusive para o agronegócio, o que nós queremos é nosso por direito e vamos continuar lutando, resistindo, é o nosso povo que precisa continuar a sua história pelas novas gerações, nós queremos o nosso território demarcado”, disse.

O cacique, Basílio Jorge, que foi machucado no confronto, denuncia que o poder público os trata como animais, bichos e que não têm respeito. O indígena assassinado, Oziel Gabriel, era sobrinho de Basílio. "Eu cheguei à área da retomada no momento da guerra, já estava pipocando a coisa. Nossos parentes disseram que o delegado desceu do carro e já foi metendo bala. Não teve diálogo, não teve conversa. Não procuraram saber se íamos sair ou não. Quando foi uma hora e pouco de tensão recebemos a notícia do outro grupo que meu sobrinho tinha recebido um tiro no estômago e isso é muito triste", declara.

Já a professora terena, Amélia Firmino, relatou o seu sentimento como mulher e mãe, que está fazendo de tudo para proteger as crianças e os anciões dos conflitos. “Nós estamos sofrendo muito, tem muita dor, é uma ferida que se abriu e não vai cicatrizar. A perda desse irmão não é uma derrota, ele não foi morto em vão, nós vamos, em sua memória continuar a nossa luta pelos nossos direitos e estamos aqui, na aldeia 10 de maio, ao lado da fazenda Buriti, protegendo as nossas crianças e os nossos anciões, para que eles não sofram tanto com este conflito ”, ressalta."