quarta-feira, 25 de julho de 2012

Greve das Universidades Federais

Greve das Universidades:
do silêncio militante à defesa do patrão

Por Joana Tavares

Perseu Abramo já dizia, no seu clássico “Padrões de manipulação da grande imprensa”, que a mídia comercial lança mão de diversos artifícios para divulgar uma versão distorcida da realidade. Ele adverte que “não é todo o material que toda a imprensa manipula sempre”, mas que há padrões observáveis no conjunto da produção jornalística que demonstram que a maioria incorre em algum grau de manipulação. E nem é preciso dizer que toda manipulação tem objetivos e interesses.

O primeiro dos padrões levantados pelo jornalista é o da ocultação. Não se trata de falta de conhecimento, mas de um “deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade”. Não nos faltam exemplos desse simples artefato de seleção de temas. Privatizações, terceirizações, acidentes de trabalho são comumente relegados a espaços mínimos – isso quando merecem – nos jornais. Denúncias envolvendo colegas da própria mídia patronal então, não entram nem entre míseras aspas. Esse pacto de silêncio cúmplice mostrou toda sua força com o caso Veja-Carlinhos Cachoeira.
 
Mas esse Filha da Pauta trata de outro aspecto da realidade que não costuma merecer o status de pauta: as greves. Um direito legítimo dos trabalhadores e previsto constitucionalmente, com um amplo leque de abordagens possíveis, não costuma receber relevância nas coberturas. Recentemente, ganhou destaque nas redes sociais a crítica ao silêncio da mídia frente à paralisação dos docentes e funcionários das universidades e institutos federais.
 
O rico debate possível de ser aberto com esse fato – a situação da universidade pública, o modelo de educação para o país, a visão dos estudantes, funcionários e a opinião dos especialistas no tema, os próprios professores, o impacto da proliferação das faculdades privadas e tantos outros aspectos – foi negado aos leitores. Cinquenta e sete dias depois, vira manchete.
 
O foco não está nos trabalhadores, mas na proposta do patrão, nesse caso, o governo. No sábado, dia 14, repercutindo a proposta oficial os jornais finalmente trataram do tema. “União propõe aumento de 45% aos professores”, coloca o Estado de Minas em chamada de capa, sem destaque. “Governo propõe salário de R$ 17 mil”, estampa O Tempo, no pé da página, sob o chapéu “Professores”. O Hoje em Dia não dá destaque de capa, nem os populares Extra e Aqui. A Folha de São Paulo dá manchete: “Governo propõe reajuste de até 40% a docentes” e o Estado de S. Paulo dá chamada de capa: “Governo cede e dá reajuste a professores”.
 
As matérias são parecidas, e repercutem a coletiva de imprensa da ministra Miriam Belchior. O aumento será escalonado, mas não se explica como. O principal reajuste será para os doutores, e não se explica como ficam os outros trabalhadores em greve, principalmente os funcionários. A Folha e o Estado de Minas frisam que o impacto desse reajuste na folha de pagamento chegará a R$ 3,9 bilhões “aos cofres públicos” ao fim de três anos.
 
Como se não bastasse essa crítica mal disfarçada sobre o impacto da decisão “aos cofres públicos”, Elaine Cantanhêde, que assina retranca do tema na Folha, coloca que o governo não teme que a proposta de aumento - “bem acima do padrão”, nas palavras da jornalista – sirva de estímulo às demais categorias. Os dois jornais omitem o fato de que 56 das 59 universidades federais aderiram à greve, assim como 34 dos 38 institutos de educação federais.
 
Os sindicalistas até são ouvidos – seguindo o protocolo de “ouvir os dois lados” - mas sem espaço para aprofundarem suas visões. Em suas falas, podemos perceber que estão insatisfeitos com as propostas, aquém das reivindicações da categoria, mas não é possível saber porque.
Assim, a grande mídia opera o segundo padrão de manipulação analisado por Perseu Abramo: a fragmentação dos fatos. Sem fazer ligações claras entre os dados, sem apresentar com profundidade as propostas dos grevistas, descontextualiza a greve como evento social e foca sua cobertura sob um aspecto da realidade. Cai assim em cheio no terceiro padrão de manipulação: a inversão.
 
Ao trocar a importância dos atores – colocando o governo no papel de organizar a realidade – inverte a versão pelo fato. Privilegia o anúncio oficial e ajuda a forjar a ideia de que os professores foram privilegiados por um reajuste acima da média, e que essa conquista não deve servir de exemplo pra ninguém, pois foi uma concessão com o objetivo de “valorizar a educação”.
 
Como já demonstrou a greve de 112 dias dos professores em Minas Gerais, o papel pedagógico das lutas se faz nas ruas, e a luta em si é uma forma de educação. Pena que a imprensa não tem olhos para ver esse “outro lado” do fato, e achincalha a mobilização de uma categoria tão importante para o país, como se fossem apenas interesseiros atrás de reajustes maiores que a média.


Confira:

http://www.minaslivre.com.br/filha-da-pauta/3550-greve-das-universidades-do-silencio-militante-a-defesa-do-patrao

7 comentários:

Anônimo disse...

A verdade é que os "poderosos" não valorizam minimamente a educação, pois precisam de pessoas incultas para continuarem sua trajetória de corrupção, manipulação de imprensa e riqueza facil

Anônimo disse...

A verdade é que os "poderosos" não valorizam minimamente a educação, pois precisam de pessoas incultas para continuarem sua trajetória de corrupção, manipulação de imprensa e riqueza facil

Anônimo disse...

A verdade é que os "poderosos" não valorizam minimamente a educação, pois precisam de pessoas incultas para continuarem sua trajetória de corrupção, manipulação de imprensa e riqueza facil.

Marcia disse...

Colegas da lei 100, venho percebendo que vários colegas que passaram no concurso está na maior duvida o que fazer... Muitos se assumirem como efetivos para serem nomeados vão ter que mudar de escola , outros até mesmo de cidades porque moram em cidades pequenas com uma ou duas escolas que não tinha vagas então tiveram que fazer para outra cidade. Independente de mudar de escola ou até mesmo de cidade, a melhor opção é sem- pre ser concursado porque desta forma vocês estarão com os seus direitos garantidos, quando nomeados vocês terão uma pasta com toda documentação garantindo seus direitos. Agora na verdade na lei 100 nos disseram que temos os mesmo direito dos efetivados, mas documentação que comprove isso não temos nada, o que temos é apenas a palavra da secretária, se formos analisarmos não temos nada de concreto, sabemos também que a lei 100, foi considerada inconstitucional ou seja pode acabar a qualquer momento, na verdade não temos segurança nenhuma. No momento o interesse do governo em mante-la é bem claro, pois através dela ele pode estar vendo a possibilidade de ser reeleito, ou seja vou manter a lei enquanto estiver no poder, ao mudar de governastes ela pode acabar imediatamente, mas temos que pensar que ele também pode mudar os interesses, e ela pode acabar qualquer hora porque não tem uma lei que protege realmente para ela não acabar, e justamente o contrario sabemos que ela já foi considerada inconstitucional, e que os interesses do governo pode mudar de acordo com os interesses pessoais dele, que hora que a lei 100 não for conveniente para ele, o próprio pode acabar com ela e nós não temos como fazer nada, pois não temos documentos que nos garanta a estabilidade.Sabemos que no estado de São Paulo aconteceu está mesma situação e que no momento ela já acabou. Então mesmo que você tenha que mudar de cidade ainda acho que é a melhor opção. Quem tem a opção de ter um cargo garantido, não deve pensar duas vezes.
Estou manifestando minha opinião, porque estou nesta situação, meu caso eu vou mudar de cidade.

Marcia disse...

sColegas da lei 100, venho percebendo que vários colegas que passaram no concurso está na maior duvida o que fazer... Muitos se assumirem como efetivos para serem nomeados vão ter que mudar de escola , outros até mesmo de cidades porque moram em cidades pequenas com uma ou duas escolas que não tinha vagas então tiveram que fazer para outra cidade. Independente de mudar de escola ou até mesmo de cidade, a melhor opção é sem- pre ser concursado porque desta forma vocês estarão com os seus direitos garantidos, quando nomeados vocês terão uma pasta com toda documentação garantindo seus direitos. Agora na verdade na lei 100 nos disseram que temos os mesmo direito dos efetivados, mas documentação que comprove isso não temos nada, o que temos é apenas a palavra da secretária, se formos analisarmos não temos nada de concreto, sabemos também que a lei 100, foi considerada inconstitucional ou seja pode acabar a qualquer momento, na verdade não temos segurança nenhuma. No momento o interesse do governo em mante-la é bem claro, pois através dela ele pode estar vendo a possibilidade de ser reeleito, ou seja vou manter a lei enquanto estiver no poder, ao mudar de governastes ela pode acabar imediatamente, mas temos que pensar que ele também pode mudar os interesses, e ela pode acabar qualquer hora porque não tem uma lei que protege realmente para ela não acabar, e justamente o contrario sabemos que ela já foi considerada inconstitucional, e que os interesses do governo pode mudar de acordo com os interesses pessoais dele, que hora que a lei 100 não for conveniente para ele, o próprio pode acabar com ela e nós não temos como fazer nada, pois não temos documentos que nos garanta a estabilidade.Sabemos que no estado de São Paulo aconteceu está mesma situação e que no momento ela já acabou. Então mesmo que você tenha que mudar de cidade ainda acho que é a melhor opção. Quem tem a opção de ter um cargo garantido, não deve pensar duas vezes.
Estou manifestando minha opinião, porque estou nesta situação, meu caso eu vou mudar de cidade.

Marcia disse...

Oi pessoal é a Marcia novamente, esqueci de dizer que tudo que falei não é simplesmente minhas ideias, estava com duvidas também e cheguei a postar algumas perguntas para você Beatriz, mas depois resolvi a procurar um excelente advogado que está me orientado, baseado nas leis, recomendo quem tiver duvida ainda, faça o mesmo procure um advogado de sua confiança e que domine o assunto, colegas não vamos sermos enganados pelo governo, vamos buscar nossos direitos e garanti-los.

Anônimo disse...

Minha situação tomei posse em janeiro de 2004 em P3 na época já tinha plena e pós, sempre reclamei ai depois do período probatório, depois em 2006,2008, enfim hoje sou PEBT2, estive na promotoria publica e me disseram que isto não existe é irregular.O que me diz ?